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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Espíritos benfeitores obram sob o duplo véu dosilêncio e do incógnito


"...Espíritos benfeitores obram sob o duplo véu dosilêncio e do incógnito..."
Os estudos experimentais, já lançaram alguma claridade sobre a vida do Além. Assim é que sabemos ser o mundo dos Espíritos povoado de seres em número incalculável, ocupando todos os degraus da escala da evolução. A morte não nos transforma, sob o ponto de vista moral. No espaço, achar-nos-emos de novo com todas as qualidades que houvermos adquirido, mas também com todos os nossos erros e defeitos. Daí resulta que na atmosfera terrestre formigam almas inferiores, sôfregas por se manifestarem aos humanos, o que às vezes torna perigosas as comunicações e exige, da parte dos experimentadores, um preparo laborioso e muito discernimento.
Esses estudos também demonstram que acima de nós há legiões de almas benfazejas e protetoras, as almas dos que sofreram pelo bem, pela verdade e pela justiça e que, esvoaçando sobre a pobre Humanidade, procuram guiá-la pela senda de seu destino. Mais para além dos acanhados horizontes da Terra, uma completa hierarquia de seres invisíveis se distende na luz.
Quanto à escolha das forças e dos meios que os grandes Seres empregam para intervir no campo terrestre, cumpre reconheçamos que o nosso saber é bem fraco para os apreciar e julgar, que nossas faculdades são impotentes para medir os vastos planos do invisível. O que sabemos é que os fatos aí estão, incontestáveis, inegáveis. De longe em longe, através da obscuridade que nos envolve, por entre o fluxo e refluxo dos acontecimentos, nas horas decisivas, quando a Humanidade se desencaminha, então, uma emanação, uma personificação da Potência suprema desce, para lembrar aos homens que, acima do mundo em que se debatem, recursos infinitos existem, que eles podem atrair a si por seus pensamentos e apelos, e se grupam sociedades de almas, que eles alcançarão um dia por seus merecimentos e esforços.
A intervenção, na obra humana, das altas Entidades, a que chamaremos os anônimos do espaço, constitui uma lei profunda, sobre a qual cremos dever insistir ainda, procurando torná-la mais compreensível.
Em geral, já por mais de uma vez o dissemos, os Espíritos superiores que se manifestam aos homens não se nomeiam, ou, se o fazem, tomam de empréstimo nomes simbólicos, que lhes caracterizam a natureza, ou o gênero da missão em que foram investidos.
Mas, por que, ao passo que o homem neste mundo se mostra tão cioso de seus menores méritos, tão apressurado em ligar seu nome às obras mais efêmeras, os excelsos missionários do Além, os gloriosos mensageiros do invisível se obstinam em guardar o incógnito, ou em usar de nomes alegóricos? É que bem diferentes são as regras do mundo terrestre e as dos mundos superiores, onde se movem os Espíritos de redenção.
Aqui, a personalidade prima e absorve tudo. O eu tirânico se impõe: é sinal da nossa inferioridade a fórmula inconsciente do nosso egoísmo. Sendo imperfeita e provisória a presente condição humana, é lógico que todos os atos do homem gravitem ao redor de sua individualidade, isto é, do eu, que mantém e assegura a identidade do ser, no estádio inferior de sua evolução, através das flutuações do espaço e das vicissitudes do tempo.
Nas altas esferas espirituais dá-se o contrário. A evolução se opera sob formas mais etéreas, formas que, em certa altura, se combinam, associam e realizam o que se poderia chamar a compenetração dos seres.
Quanto mais o Espírito sobe e progride na hierarquia infinita, mais se desbastam os ângulos de sua personalidade, mais o seu eu se dilata e expande na vida universal, sob a lei da harmonia e do amor. Sem dúvida, a identidade do ser permanece, porém sua ação se confunde cada vez mais com a atividade geral, isto é, com Deus, que, em realidade, é o ato puro.
Consistem o progresso infinito e a vida eterna em nos aproximarmos continuamente do Ser absoluto, sem jamais o alcançarmos, em confundirmos cada vez mais plenamente a obra que nos é própria com a obra eterna.
Chegado a tão elevados cumes, o Espírito não mais é designado por meio de tal ou tal nome; já não é um indivíduo, uma pessoa, e sim uma das formas da Atividade infinita. Chama-se Legião. Pertence a uma escala de forças e de luzes, tal como uma parcela da chama pertence ao foco que a engendra e alimenta. É parte integrante de imensa associação de Espíritos harmonizados entre si por leis de afinidade luminosa, de sinfonia intelectual e moral, pelo Amor que os identifica. Fraternidade sublime, ante a qual a Terra não passa de pálido e fugidio reflexo!
Por vezes, desses grupos harmoniosos, dessas plêiades rutilantes, um raio vivo se destaca, uma forma radiosa se separa e vem, qual projeção de luz celeste, explorar, iluminar os recônditos de nosso escuro mundo. Ajudar a ascensão das almas, fortalecer uma criatura em hora de grande sacrifício, amparar a fronte de um Cristo na agonia, salvar um povo, resgatar uma nação prestes a perecer: tais as missões incomparáveis que esses mensageiros do Além descem a cumprir.
A lei da solidariedade exige que os entes superiores atraiam a si os Espíritos jovens ou retardados. Assim, uma imensa cadeia magnética se desenrola pelo incomensurável Universo e ata as almas e os mundos.
E, como a sublimidade da grandeza moral consiste em fazer o bem por amor do bem, sem propósito egoísta, os Espíritos benfeitores obram sob o duplo véu do silêncio e do incógnito, a fim de que a glória e o mérito de seus atos se reportem só a Deus e nele se reintegrem...
Léon Denis

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